Foto: Pôr-do-sol na praia da Falésia ou numa qualquer praia do nosso Mundo. A saudade que tal paisagem e ambiente suscita em mim... Tal como nesta imagem, assim se encontrava o meu estado de espírito. Calmo, sereno e inspirador.
Um ano depois.
.Hoje, ao fumar um cigarro ao fim do dia, à luz do sol que nos ilumina, tentei recordar ou supor o que faria eu por esta altura há um ano atrás… Estaria na praia com o meu dinamismo, limpando a areia, arrumando o material, atento à água e aos banhistas? Estaria aguardando que chegasse a hora para que, depois de fechar o posto de praia, me pudesse lançar no meu exercício diário que tanto me libertava ao final da jornada de trabalho? Estaria apenas contemplando a paisagem, planeando o futuro?
.Hoje, ao fumar um cigarro ao fim do dia, à luz do sol que nos ilumina, tentei recordar ou supor o que faria eu por esta altura há um ano atrás… Estaria na praia com o meu dinamismo, limpando a areia, arrumando o material, atento à água e aos banhistas? Estaria aguardando que chegasse a hora para que, depois de fechar o posto de praia, me pudesse lançar no meu exercício diário que tanto me libertava ao final da jornada de trabalho? Estaria apenas contemplando a paisagem, planeando o futuro?
.Apercebi-me que passa um ano desde que a minha vida esbarrou numa dificuldade atroz e infinita. Enveredando por uma viela escura, sinuosa e imprevista. Um enorme receio do esquecimento vai crescendo dentro de mim. A verdade é que o confronto com a memória em busca do passado é um exercício sempre doloroso. Tomo consciência da minha nova realidade por oposição a uma realidade que todos nós conhecemos e temos como adquirida. Mas eu já não a conheço ou tendo a esquecer. Vejo que mesmo fazendo um esforço desmedido vai-me já sendo difícil recordar sensações tão naturais e banais como urinar, evacuar, correr…
.Convenço-me de que o meu corpo se tornou numa prisão da qual só a minha mente me poderá libertar. Para tal, duma força imensurável ela terá que se socorrer. Será que conseguirei? Será mesmo possível? Ou o futuro não passará de uma adaptação de forma amorfa e enganosa de um ser que se tornou incompleto?
.Vejo o final do meu longo internamento a aproximar-se e se sinto que o que havia para fazer está feito, preparando-me já para a próxima reabilitação, a social, sinto também que esta será forçosamente penosa. Imagino os momentos de solidão por que passarei em casa nos tempos próximos. Forçada ou involuntária, ela surgirá. Imagino as dificuldades ao sair do meu abrigo rumo a um exterior agora adverso e desconhecido. Tais pensamentos colocam-me num estado de consciência ao mesmo tempo superior e atemorizante. Superior ao ter uma espécie de capacidade de antevisão de longo prazo, e por isso mesmo atemorizante.
.Revejo todas as palavras encorajadoras, dadas por tantos que me querem tanto, e penso: “estarei à altura?”; “serei capaz?”; “ou desiludirei(-me)?”. Óbvio é, que só vivendo o saberei.
.Vejo o final do meu longo internamento a aproximar-se e se sinto que o que havia para fazer está feito, preparando-me já para a próxima reabilitação, a social, sinto também que esta será forçosamente penosa. Imagino os momentos de solidão por que passarei em casa nos tempos próximos. Forçada ou involuntária, ela surgirá. Imagino as dificuldades ao sair do meu abrigo rumo a um exterior agora adverso e desconhecido. Tais pensamentos colocam-me num estado de consciência ao mesmo tempo superior e atemorizante. Superior ao ter uma espécie de capacidade de antevisão de longo prazo, e por isso mesmo atemorizante.
.Revejo todas as palavras encorajadoras, dadas por tantos que me querem tanto, e penso: “estarei à altura?”; “serei capaz?”; “ou desiludirei(-me)?”. Óbvio é, que só vivendo o saberei.
.Mas ele aperta na altura de deixar o ninho protegido, sabendo que se parte para o primeiro voo com a asa partida e em risco de cair no precipício... O desabafo, tal como um suspiro num momento de cansaço, permite retomar o fôlego, sem esquecer que esta nova realidade não pode ser esquecida!